O que são o ranking do Google e o SEO? Quais os riscos do SEO Blackhat?

por | mar 29, 2020

Se há uma coisa que nos iguala é a busca pelo topo. Pelo aumento de vendas, recorde na corrida ou desenvolvimento de um novo mercado. No mundo digital também, e a principal é a busca pelo topo do Google. Será que vale a pena cortar caminho usando SEO Blackhat?

O começo da Internet no Brasil

Eu me lembro do começo da Internet aqui no Brasil. Usava um modem, tinha um acesso de 14.4K por telefone e pagava caro por algumas horas conectado à Internet. Era a pré-história da Web, um mar de sites com textos mal formatados e algumas imagens. Conseguir achar um site novo era uma tarefa dura e para isso contava com o Alta Vista e o WebCrawler.

Os resultados eram muito ruins, mas para o conteúdo limitado da época, funcionavam a contento. Muitos anos depois, um amigo me mostrou a novidade, o tal do Google que achava as coisas como nenhum outro.

A grande invenção do Google

O segredo do Google foi ter desenvolvido um mecanismo de ranking para o conteúdo catalogado pela sua ferramenta. Antes, os sites de busca contavam quantas vezes as palavras-chave apareciam na página. Não davam bons resultados, e era difícil achar algo que prestasse.

Para fazer algo diferente os fundadores do Google olharam a realidade e viram que quanto mais se fala de um assunto, mais importante ele é. Artistas são populares quando têm as revistas de fofoca fazendo artigos sobre eles, músicos a mesma coisa.

. E na Internet, nada era mais concreto do que uma conexão de outro lugar para a sua página, fazendo um linkback, ou backlink/link como é comumente chamado.

Não demorou muito para o pessoal entender como isso funcionava, e começaram aí as atividades de SEO – Search Engine Optimization, ou Otimização para Mecanismos de Buscas em Português. Eram pessoas e empresas que se especializaram nas técnicas de como subir na escala do Google, mas como tudo na vida tem atalhos, o mercado negro apareceu.

O mercado negro da Internet – SEO BlackHat

Estávamos no auge do trabalho de SEO BlackHat, o nome dada àqueles que usam táticas proibidas pelo Google, Bing e outros. Para aparecer no topo valia tudo, de criação de conteúdo sem qualidade, mas com palavras-chave, até o desenvolvimento de ferramentas que criavam milhares de links fraudulentos para seu conteúdo. O negócio era tão descarado, que os sites continham textos como o abaixo:

Exemplo de Keyword Stuffing - Link Farms

Por um tempo funcionou extremamente bem. Fazer dinheiro tinha uma receita fácil: criava-se um site falando bem de um produto, usavam-se todas as técnicas para criar milhares de links e no final cobrava-se uma comissão do vendedor. Isso era o affiliate marketing na sua pior face.

Só que esses resultados começaram a comprometer a qualidade da pesquisa do Google e isso não poderia continuar. Foi aí que apareceu o xerife responsável pelos principais ajustes no sistema de pesquisa. Como nos filmes de velho oeste, deram alguns tiros e derrubaram quase todos os malfeitores.

O xerife em ação – Google implementa alterações nos seus algoritmos

O primeiro tiro foi o Panda em 2011, considerado um terremoto de grandes proporções na Web. Ele afetou 1 em cada 8 buscas no mundo todo. Da noite para o dia muitos sites sumiram do ranking, levando vários proprietários à ruina.

O segundo tiro veio no ano seguinte, 2012, sob o nome de Penguin. Nessa levou para o buraco sites que abusavam da otimização ilegal para subir no ranking. Para enganar o Google criavam páginas e páginas com frases sem sentido, tentando repetir as principais palavras-chave. O exemplo abaixo, em inglês, foi retirado do Google Webmaster Tools e mostra como esta técnica beira o ridículo:

Exemplo de Link Spam

Exemplo de Conteúdo de Baixa Qualidade, usado em SEO Blackhat

 

O Penguin também trouxe uma arma secreta, o SEO Negativo. Antes, cada link positivo deixava seu site mais próximo do topo, e os ruins, apenas não contavam. Agora, cada link fraudulento contava de forma negativa, deixando seu site cada vez mais distante.

Nos anos seguintes, foram dezenas de pequenos ajustes, que removiam tipos de conteúdo específico, em pancadas menores.

Em 2017, veio o Fred, que atingiu em cheio os sites com Conteúdo de Baixa Qualidade. Eram sites com muita monetização de Conteúdo e baixíssima qualidade de UI/UX, backlinks excessivos e toda a cara de duvidoso. Alguns sites perderam de 50% a 70% do tráfego.

Para eliminar esse impacto, a limpeza em muitos casos teve que ser feita link a link. Imaginem o esforço para remover dezenas de milhares de links, o custo era altíssimo. Nessa hora, muitos donos de site simplesmente abandonaram o que já tinham, e recomeçaram do zero com um endereço novo.

A ilusão da facilidade hoje no Brasil

Conhecendo os impactos, parece que hoje o Blackhat já morreu. Em muitos lugares sim, mas sempre tem alguém querendo um atalho.

Uma combinação de ganância com inocência leva muita gente a recorrer à esses serviços sem saber. Basta ir ao mercadolivre.com.br e pesquisar por “primeira pagina do Google”, e as ofertas aparecem. Ninguém informa que depois os proprietários terão que remover um a um os milhares de links fraudulentos.

Não recomendo de forma alguma o uso de táticas BlackHat, tudo que vem rápido, vai embora rápido.Construa sua reputação ao longo do tempo e ela será sólida como deve ser.

2020 e o pessoal ainda insiste no Blackhat

Este artigo escrevi originalmente em 2013. Muita coisa mudou, e como faço todos os anos, fui olhar o que acontece no mercado e se isto já deixou de ser um problema. Bom, nada mudou, a criatividade negativa é impressionante. Do que vi e não deve ser feito de jeito nenhum, seleciono algumas dicas:

  • Ferramentas para criar dois tipos de conteúdo: um, de baixa qualidade, que é mostrado aos usuários, e um, otimizado para SEO, que é mostrado para os robôs que fazem crawl nos sites de web. Este já tem um alvo na testa;
  • Keyword Stuffing: textos como “Ranking de palavras chave é fundamental para um SEO, pois saber o ranking de palavras-chave permitirá que você melhore seus textos, otimizando para o ranking de palavras-chave. Não se esqueça de uma boa ferramenta para ranking de palavras-chave”;
  • Usar formatação HTML com excesso de H1;
  • Conteúdo copiado: não, não e não. Nunca copie o texto de alguém e, se você usar um pedaço, coloque a referência;
  • Compra de Backlinks: ainda há um mercado de backlinks, e continua sendo arriscado como sempre. Custa caro e não funciona.

A palavra de quem entende:

Em 2013, quem liderava o Grupo Web Spam do Google era o Matt Cutts, e fala nesse vídeo como se preparavam para aplicar as penalidades (SEO Negativo). Vale até hoje.

Outro que explica bem, também em inglês, é o Neil Patel:

 

No próximo post falaremos sobre SEO Whitehat e como conseguir subir no ranking de forma correta

 

E você, ainda se arrisca no BlackHat?

Abraços,
Caetano Notari

 

Créditos da imagem:

Photo by Andy Li on Unsplash

Ebook 9 Regras para vender bem na Internet

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